Ai que sarilho ser pai de um filho

O bilhete mais barato para o Portugal x Noruega de hoje à noite, custa a módica quantia de 15 euros. QUINZE EUROS!

Não estou a falar do bilhete disponível mais barato - tipo: já se venderam todos os bilhetes com preços acessíveis para o cidadão comum por isso chega-te à frente e é se queres - não, este é mesmo o bilhete mais barato de todos os bilhetes que foram colocados à venda. Para o terceiro anel, para trás da baliza.

Eu vou ao jogo. Mas se mesmo assim comprei bilhetes, não foi por nenhum outro motivo que não a minha ideia do que deve ser um Pai. Por vários motivos - privados demais para explicar aqui - este é o momento certo para fazer com o meu filho um verdadeiro programa de "pai e filho", e assistir a um jogo da Selecção Nacional pela primeira vez (com jantar na roulotte das bifanas incluído) é tudo isso e muito mais.

Seremos cinco, connosco vai o meu irmão mais um grande amigo nosso e o seu filho (com mesma idade do meu). Tendo eu ficado responsável pela "organização do evento", ontem paguei 75 euros (!!!) para assegurar bilhetes para todos, sendo indiferente o facto de dois de nós terem 4 anos! Setenta e cinco euros representam o equivalente a quinze mil escudos. No tempo dos Escudos, quantas pessoas conseguiria eu levar a ver um jogo com os mesmos 15 contos? Encheria um Sector inteiro?

Isto não faz qualquer sentido! Juro que quando o Securita (agora, quem vende os bilhetes para a bola são funcionários da Securitas...) me disse o preço, apeteceu-me virar-lhe as costas sem dizer nada e ir a correr pintar um graffiti ofensivo na fachada da Federação Portuguesa de Futebol.

Mesmo esquecendo "A Crise" (como se isso fosse possível), não nos podemos esquecer que desde a saída do Scolari que o povo tem andado de costas voltadas para a FPF. Ora, o que é que ela faz? Coloca preços proibitivos e pede para a malta encher o Estádio da Luz. Genial.

Parece que mesmo assim o estádio vai estar composto. Talvez seja o factor Paulo Bento (que é do povo como nós) a entrar em acção; talvez sejam os milhares de pais que, como eu, querem oferecer aos respectivos filhos uma noite que eles jamais esquecerão.

Eles sabem que é assim. Porque cada um deles, cada um de nós, ainda se lembra daquela mão enorme e forte que nos guiava pelo pescoço e nos protegia dos encontrões no meio da multidão. As nossas primeiras idas ao Estádio com o Pai não têm preço.


P.S. - Enquanto escrevo este post tenho o meu filho à minha frente, aos pulos, a ensaiar o Hino Nacional para mais logo. Já começou!