A falta que ele fez e a falta que ele faz
Há pouco a SIC avançou com os prováveis titulares para logo e, segundo eles, os defesas do Benfica serão o Maxi, o Luisão, o Garay e o Emerson. Pessoalmente duvido, mas já não digo nada.
Seja como for, isto fez-me lembrar um episódio que se passou no último Benfica vs. Braga no qual, quanto a mim, o Capdevila justificou com uma falta que merece ser ele o titular.
Foi sensivelmente aos quinze minutos de jogo, numa falta que ele fez sobre o Alan, ainda antes do meio-campo. A sua experiência, aliada à falta de pernas, mandou-o fazer aquilo que hoje gostam de chamar de "falta cirúrgica" (seja lá o que isso for) e eu fiquei a pensar como o Emerson NÃO faria aquela falta e o Alan teria aquele corredor inteiro à sua frente, verdinho e vazio, para fazer o que bem lhe apetecesse.
No fundo, esteja o espanhol gordo ou velho (ou mesmo gordo e velho), de que nos serve ter em vez dele um tipo novo e magro se não estiver à altura dos acontecimentos? Para os mais esquecidos, lembro aqui o grande Veloso que prolongou a sua carreira muito para além daquilo que a sua condição física permitia e raramente comprometeu preferindo, em vez disso, recorrer sempre à mesma e infalível artimanha: fingir que, por falta de oxigenação e pelo excesso de primaveras, tropeçava nas próprias pernas caindo sozinho mas arrastando por acaso o adversário com ele... normalmente era falta mas raramente via sequer o cartão amarelo.
Isto para dizer o quê? Que prefiro um jogador velho mas consciente das suas limitações - e que em último caso faça falta quando as pernas lhe faltam - que um novinho inconsciente que quando quer cortar para fora manda uma rosca para os pés do adversário ali mesmo à entrada da área. Mas isto sou eu que não percebo nada de futebol...
O mais irónico no meio disto tudo é que a falta de que vos falo, tecnicamente, nunca chegou a ser falta. E porquê? Não porque não tenha sido falta (foi-o obviamente!) mas sim porque segundos antes o árbitro não tinha apitado quando o Alan entrou a matar sobre não sei quem e, como o Estádio todo assobiou ruidosamente, ele pelo sim pelo não decidiu utilizar a velha e bolorenta "Lei da Compensação", essa estúpida invenção lusitana segundo a qual um erro do árbitro pode ser apagado por outro desde que em "sentido inverso"...
Isto é um bocado como as "guerras em nome da paz": o próprio conceito não faz qualquer sentido!