Mostra-me a tua válvula de escape que eu mostrar-te-ei a minha.
Acreditem ou não, há muitos muitos anos atrás, eu já fui adolescente. Como se isso não bastasse, fui ainda estudante.
Há muita coisa da qual não me recordo dessa fase da minha vida no entanto há uma que não esqueço: quando abria a época de exames acabava-se a rambóia. Não que eu preferisse a primeira à segunda mas... precisamente pelo motivo contrário.
O meu objectivo era passar por aquele período - que sempre me pareceu semelhante à tarefa de tentar atravessar uma chuva de meteoritos ao comando de uma nave espacial gigantesca e lenta - o mais depressa e incólume possível. Assim, poderia regressar rapidamente ao meu estado normal de... folia.
Desta forma, não levantava a guarda. Durante aquele processo nada me fazia vacilar. Até lá, nem o alívio duma nota que dispensasse a oral num daqueles cadeirões com nomes assustadores e professores ainda mais tenebrosos me podia fazer desviar daquela missão cujo objectivo, não sendo o mais apetecível, tinha que ser alcançado.
Imperiais, tremoços, gajas e esplanadas só depois de terminado o último dos exames.
Talvez pelo que acabo de explicar, os festejos de ontem deixaram-me com sentimentos contraditórios. Por um lado, seria tremendamente frustrante não dar largas à alegria, não "deitar tudo cá para fora".
Dentro da mesma lógica, é preferível uma festa pública (televisionada e tudo) do que várias festas obscuramente privadas com muita vodka importada e muita menina importada também.
Há relatos que não deixam grande dúvida quanto à bebedeira épica que, por exemplo, o Lima ontem ostentava para quem quisesse ver lá do cimo do camião alegórico (desculpem lá mas o termo "Trio Eléctrico" soa-me a pack promocional duma sex-shop em liquidações).
Voltando aos pormenores da bezunta do Lima, aquilo é coisa para trazer consequências até sexta-feira à tarde, sábado de manhã. Ora, antes disse há jogo na Quinta (é "só" a Juventus), no fim-de-semana há jogo também (está certo que é o Porto mas ainda assim) e depois há a Juventus outra vez. Em Turim.
Não digo que até lá não possam dormir tudo (não há como um Guronsan diluído numa canja de galinha do campo) mas... psicologicamente é impossível esquecer o que ontem se passou. Aquilo é próprio (e justo) de quem "já lá chegou". É uma descompressão Uma típica festa do já-cá-estamos-que-sa-foda-vai-ser-até-cair.
Eles lá saberão o que fazem mas... como se volta agora a colocar aquela pressãozinha imprescindível para a concentração estar lá no topo?
Não acredito nos Prémios de Jogo como factor de motivação: voltando aos tempos de outrora, nunca foram os gelados que o meu Avô me prometia o motor da minha vontade. Mais depressa o era o desejo de voltar à desbunda...
Agarremo-nos então a isso: TUDO A SALTAAAAAAAAAAAAR!!!!!!