!!! EU-A-MO-TE !!!

Quem leu o meu post de ontem pode ter ficado com a impressão que eu escrevia contra quem foi aplaudir a Selecção. Não foi bem isso que eu quis dizer, muito embora tivesse visto algumas situações que passam largamente o bom-senso e a razoabilidade.

Eu acho muito bem e muito bonito que o povo esteja ao lado da nossa Selecção. Mais, acho isso fundamental para o sucesso duma Selecção, principalmente num país como o nosso. Foi bonito ver aquelas pessoas todas em Belém e na Portela. O que eu achei completamente descabido foram as festas-tipo-praça-da-alegria-mas-12-horas-seguidas e etcs.

De resto, quando chegou a altura certa (a altura que quanto a mim sempre justificou um directo), a recepção dos emigrantes na Suíça à nossa Selecção, achei o momento muito bonito, muito comovente e até muito telegénico. Há algo que me revolve a tripa (no melhor sentido, se é que há um melhor sentido para esta expressão) quando vejo os nossos emigrantes a gritarem do fundo do coração pelos nossos representantes nacionais, e ontem não fugiu à regra.

Aqueles gritos vêm lá do fundo, são sentidos. Mais que verdadeiros. Talvez por isso esses momentos nos comovam mais a nós, que ainda cá estamos, do que a eles que lá lutam. É raro ver-se alguém no meio destes ajuntamentos a chorar e no entanto ontem eu chorei (isto qualquer dia, com tanto choro, parece um diário duma adolescente apaixonada).

Chorei quando vi aquele gajo (não há melhor expressão), completamente Tuga (tão Tuga que andava de muletas, provavelmente o resultado de algum entorse a jogar à bola), a gritar desalmadamente: "PORTUGAL! PORTUGAL! EU AMO-TE PORTUGAL! BENVINDO! BENVINDO PORTUGAL!"

Há, contido neste momento delicioso, mais do que "apenas" um sentimento patriótico genuíno, todo o paradoxo da vida do emigrante português: ele recebe e dá as boas-vindas aos seus, pela chegada ao "seu" novo país. Quer dar-lhes o que não recebeu quando ali chegou. Quer que eles ali se sintam bem. Como em casa.

E isto é muito mais que futebol. E isto merece respeito.