Um monumento!

Aquele primeiro golo de ontem, devia ser objecto de estudo em qualquer Escolinha de Futebol dessas que agora aparecem por aí como cogumelos. Não para que todos passassem a tentar fazer aquilo, mas para que percebessem que só vale a pena fazer-se aquilo quando se consegue fazer aquilo como aquele gajo tão brilhantemente fez aquilo, ó caraças!

Eu sou aquele tipo que está sempre contra toquezinhos e malabarismos desnecessários, excepto quando - e é aqui que este caso entra - o artista é absolutamente prodigioso e me prova que estou redondamente enganado.

Quando vi o Aimar fazer aquele passe "de letra" (que nome tão estúpido!) o meu olho esquerdo começou a latejar, com aquele ritmo que indicia um latejo do tipo "mas-o-que-é-que-te-passou-pela-cabeça-ó-argentino?".

O pulsar durou apenas uma micro-fracção de segundo porque assim que vi a forma como a bola "saiu", percebi que aquilo era um passe do caraças. Mais que um passe do caraças, era uma desmarcação do caraças. E DE PRIMEIRA!!!

Aquela desmarcação DE PRIMEIRA - quando escrevo "de primeira" refiro-me ao facto do Aimar não ter dado nenhum toque naquela bola para a preparar, ou pôr mais a jeito, ou levantar um bocadinho antes do tal passe "de letra" (tão estúpido!) - era difícil em qualquer parte do mundo, com qualquer pé, mesmo sem o torcer por detrás da perna pertencente ao pé contrário. A execução mais simples já era difícil. Assim, foi do outro mundo.

Depois, como o ricardo disse e muito bem, o Suazo esteve completamente à altura do lance e tornou-o num momento inesquecível. Ele ter marcado golo e ainda mais daquela forma tão "à ponta-de-lança" fez com que o momento se tornasse imortal. Foi tudo perfeito, tudo simples, tudo em bom. Histórico.

Eu estava a ver o jogo num Café e, quando assim é, por feitio, reprimo praticamente todas as minhas emoções. Posso dizer-vos que depois deste golo a casa veio abaixo e tive que pedir um cházinho de Camomila a seguir, para compensar.

Tão bonito, pá!