06 maio 2014

Sê-lo ou parecê-lo?

Quaresma a justificar o facto de se ter passado no final do jogo contra o Nacional:

«Andei o jogo todo a ouvir muita coisa. Disseram-me que era cigano e outras coisas. (...) Tudo aquilo foi-se misturando, perdi um pouco a noção das coisas»

Na altura em que eu joguei futebol federado era comum chamar-se "russo", duma forma depreciativa, a todos aqueles que fossem louros. Eu próprio ouvi isso inúmeras vezes. Dentro e fora do campo.

Também não me lembro de quantas vezes perdi eu a cabeça antes, durante e depois dos jogos mas nunca por me chamarem "russo"...

Afinal, que diabo, eu na altura era tão louro quanto o Quaresma é hoje cigano!!!

8 comentários:

Hugo Valente disse...

eras chamado louro de forma depreciativa? lol essa é nova

eu conheço uma gaja que era chamada toda boa de forma depreciativa

outro que diziam que tinha olhos azuis mas carregado de sarcasmo

LDP disse...

A mim chamavam-me Paulo Sousa porque ele tinha quase o mesmo toque de bola que eu.

MédioCriativo disse...

Hugo Valente,

Lê lá outra vez.

Eles não me chamavam louro. chamavam-me "Russo". Nesse sentido, tinha mais motivos para me sentir ofendido que o Quaresma uma vez que ele é de facto cigano e eu não sou russo (nem descendente de russos sequer).

Não sei que idade tens mas talvez seja importante contextualizar a intenção daquelas palavras. Eram os finais de ´80 inícios de ´90 e sentiam-se ainda os ecos da guerra fria e principalmente do período que a antecedeu, onde "os Russos" ficaram, duma forma geral, mal vistos pelos portugueses.

As pessoas eram tão parvas e ignorantes que havia quem acreditasse que "os Russos" aka "os Comunas" comiam criancinhas ao pequeno-almoço, vê lá tu.


Como nessa altura era mais raro encontrarem-se portugueses que não fossem morenos e de pele escura (e de bigode!), surgiu esta expressão que na sua forma completa era: "Russo de má pêlo" (de mau pêlo, com pelagem inferior à usual no nosso país).

Quando toco neste tema, acabo sempre a citar o grande Eusébio que disse em diversas ocasiões que nunca se sentiu ofendido por lhe terem tantas vezes chamado "preto" uma vez que ele não só era preto como tinha o maior orgulho nisso.

É assim que eu acho que se devem ver as coisas e é assim que eu acho que se devem tratar aqueles que, nos dias que correm, ainda utilizam estes meios baixos para tentar ofender os outros.

Shiver disse...

Em vez de escrever sobre o quaresma que pouco conta para o totobola, que tal um post em jeito de homenagem aos Srs. Giggs e Zanetti que se despedem dos relvados?
Isso é que era de valor.

Unknown disse...

Que comparação de merda . A mim chamavam me pelo nome , as vezes que eu chorei por me chamarem Bruno. Queria mesmo era ser chamado de castanho como a cor do meu cabelo. Atrasados

A bug's life disse...

Oh médio não sei onde é que vividas, mas não conheço ninguém que acreditava que eles comiam crianças ao pequeno-almoço. Isso foi um "mito urbano" criado nos anos 50/60 nos EUA. Os russos eram mal vistos porque não havia liberdade no pais deles(e por eles ocupados/controlados), porque silenciavam os opositores e mandavam-os passar férias na Sibéria, proibiam os gajos de viajar, muro de Berlim e por aí fora

Sentinela um Estremecer disse...

Se fosses um puto a crescer na Polonia dos anos 80 e te chamassem "russo"? Aí sim acredito que, além do nome, te atirassem também umas pedras à testa. :P

Luis Marques disse...

A mim não me chamava, punham-me no banco e nunca entrava! Tinha a velocidade do Paulo Almeida e a qualidade técnica do Binya ou do Fernando Aguiar, sem a agressividade.
Resumidamente, um zero à esquerda.
Se o PB levar o Quaresma ao mundial perde todo o respeito que tenho por ele (que já não é muito, diga-se)